“Um convite ao conhecimento e à reflexão sobre a diversidade da produção contemporânea em artes visuais no Brasil”. Assim a historiadora da arte Luiza Mello define a coleção ARTE BRA, que mostra agora um panorama da produção de dois importantes artistas brasileiros da atualidade: Lucia Koch e Luiz Zerbini. As duas publicações são uma parceria da Automatica com a Aeroplano Editora.
LUCIA KOCH
A partir da seleção de imagens e textos presentes no livro é possível se traçar um panorama do fazer artístico de Lucia Koch, desde os anos 1980 até projetos atuais, em andamento. Com coordenação editorial de Luiza Mello e Marisa S. Mello, o livro traz textos de Moacir dos Anjos, Felipe Chaimovich e Marcelo Rezende. A publicação tem formato de 14x21cm e 180 páginas, e teve o patrocínio da Caixa Econômica Federal. O preço é R$ 35,00.
A experiência artística de Lucia é “iluminada/luminosa, primeiro pela introdução de luzes artificiais e depois por meio da interferência em luzes naturais, multi ou monocromáticas”, observa Luiza Mello. Neste último caso, o tempo torna-se um elemento central do trabalho. Em sua obra, cada intervenção leva em conta o espaço arquitetônico, mas também seu uso social e público. Lucia dialoga com o outro e com o entorno. Ao mesmo tempo, seu trabalho é processual e de caráter público.
“Quer por meio do uso de filtros de cor, quer por meio da estratégia de abrir desenhos, pelo corte, em placas delgadas de materiais diversos, Lucia Koch reforça questões, procedimentos e resultados gradualmente assentados em sua obra: reorganiza a compreensão visual de espaços, faz uso da luz para atingir seu intento e estabelece um sentido público para o trabalho, seja pela negociação envolvida em seu processo, seja pelo desconcertante efeito que o resultado causa”, escreve Moacir dos Anjos.
LUIZ ZERBINI
O quarto livro da Coleção ARTE BRA apresenta um panorama sobre a obra do artista Luiz Zerbini, que produz sistematicamente desde o final da década de 1970. A publicação, que tem coordenação editorial de Luiza Mello, é resultado de uma pesquisa sobre a trajetória do artista, realizada em diálogo com ele, e apresenta uma combinação de textos críticos, cronologia, entrevista e imagens.
O livro sobre Luiz Zerbini tem textos de Agnaldo Farias, Hermano Vianna e Sergio Romagnolo, com formato de 14x21cm e 192 páginas, e contou com o patrocínio da Secretaria Estadual de Cultura, do Governo do Estado do Rio de Janeiro. O preço é R$ 35,00.
ARTE BRA
ARTE BRA documenta a atuação dos artistas desde o início de suas carreiras por meio de textos realizados por críticos renomados, como Agnaldo Farias, Adolfo Montejo Navas, Felipe Chaimovich, Ligia Canongia, Moacir dos Anjos e Paulo Herkenhoff.
Além da riqueza de informações, da criteriosa seleção de obras e de uma cronologia detalhada, as edições bilíngües (português-inglês) incluem entrevistas com os artistas e têm o propósito de enriquecer o debate cultural sobre arte contemporânea no Brasil e no exterior.
Apesar do tom abrangente de investigação das obras contemporâneas, ARTE BRA consegue equilibrar leveza e profundidade, com projeto gráfico arejado e textos consistentes. Os livros contêm textos críticos inéditos, fortuna crítica, entrevista, cronologia e referências bibliográficas.
A coleção, com publicações a preços acessíveis, disponibiliza um rico material de referência para profissionais, estudantes e leitores que desejam conhecer e se aprofundar em uma produção artística e intelectual de ponta existente hoje no cenário nacional e mundial.
ARTE BRA procura contribuir para que um número maior de pessoas tenha acesso a estes trabalhos, que não cessam de acrescentar novas experiências sensórias, estéticas e políticas para a arte brasileira. Por isso, estará também disponível para download no site: www.automatica.art.br.
LUCIA KOCH – BIO RESUMIDA
Lucia Koch, nascida em Porto Alegre, em 1966, produz e expõe desde o final dos anos 1980. Sua obra explora as relações entre arte e arquitetura, produzindo alterações na luz ambiente de espaços institucionais ou domésticos.
Participou do coletivo Arte Construtora, ocupando casas, parques e uma ilha, com projetos concebidos para os espaços e contextos encontrados. Apresentou trabalhos nas Bienais de Pontevedra, Porto Alegre, Istambul, Göteborg e São Paulo. Entre as exposições individuais recentes, destacam-se Casa Acesa, La Casa Encendida, Madri; Matemática Espontânea, Torre Malakoff, Recife; e Matemática Moderna, Galeria Casa Triângulo, São Paulo. Possui obras nas coleções do Museu de Arte Moderna, São Paulo; Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Recife; Pinacoteca do Estado, São Paulo; Museu de Arte Contemporânea, Paraná; Itaú Cultural, São Paulo; e Fundación ARCO, Madri, Espanha; entre outros. É doutora em Poéticas Visuais pela ECA/USP e atua como professora na formação de artistas.
ZERBINI – BIO RESUMIDA
Zerbini é pintor por excelência, seu universo de atuação e interesse inclui a produção de esculturas, textos, instalações, vídeos, fotografias, ilustrações e composições sonoras. Incorpora ainda o uso da linguagem cinematográfica, a botânica, a tecnologia, o cotidiano, apresentando, em uma visão particular, a potência do mundo a quem estiver disposto a senti-la.
Ao mesmo tempo, desde 1995, atua no coletivo multimídia Chelpa Ferro, com os artistas Barrão e Sergio Mekler, criando esculturas e instalações sonoras, tecnológicas, em apresentações ao vivo, em galerias, museus e teatros do Brasil e do mundo.
Com uma paleta rica e luminosa, Luiz Zerbini produz desde imagens de cenas domésticas, paisagens naturais e urbanas até imagens abstratas. O artista justapõe estilos e técnicas, padrões orgânicos e geométricos, campos de luz e sombra, produzindo efeitos óticos que convidam à contemplação.
Apresentou trabalhos nas Bienais de São Paulo e Mercosul (Brasil), Havana (Cuba) e Monterrey (México). Entre as exposições individuais recentes, destacam-se Casa de Cultura Laura Alvim, Rio de Janeiro; Centro Universitário Maria Antônia, São Paulo; Galeria Fortes Vilaça, São Paulo, Galerie Rabouan Moussion, Paris, França e Galeria Filomena Soares, Lisboa, Portugal.
“A pintura do Zerbini, interferindo na arquitetura e refletindo a paisagem e o próprio olhar, atua junto ao exterior, mas deslocando-o seja pela opacidade da cor, seja pela reflexividade da luz. As fronteiras entre o dentro e o fora, a criação e a apropriação, a pintura e o mundo, estão em constante movimento, contaminando-se e potencializando-se mutuamente.
No trabalho de Zerbini vemos estas trocas simbólicas atuando de modo radical, configurando uma dispersão de estilo – ora pintor, ora escultor, ora “músico”, ora figurativo, ora abstrato - que é a maneira mais franca de enfrentar – e pensar – a dispersão do olho, do sujeito e do mundo contaremporâneos”. Luiz Camillo Osório